17 de out. de 2004

All the world is a masquerade, made up for fools and philosophers

No baile dos loucos e filosofos, a placa dizia : Bem vindos ao mundo.
Todos os convidados usavam mascaras e as trocavam, conforme suas necessidades vãs de demonstrar falsas emoções ou pensamentos pretensiosos. Até que um convidado - até agora não se sabe se louco ou filosofo - começou a se interrogar.
Pois convivia com aquelas pessoas mascaradas, e jamais vira seus rostos. Não sabia seus verdadeiros sonhos, suas verdadeiras motivações. Olhou-se no espelho e viu que ele também possuia uma mascára. De pretensa sabedoria, que deveria instigar respeito e admiração naqueles ao seu redor, impressionados com o conhecimento que ele aparentava ter. Mas não tinha. Não lera metade do que parecia, não escutara metade do que deveria, não escrevera metade do que arrotava.
Mascara. Uma simples mascara, que encobria a verdade. E todos no salão as usavam, como se fossem seus verdadeiros rostos. Ele mesmo não se lembrava da sua fisionomia, quando não estava encoberta por aquele pedaço de ilusão.
Cravou suas unhas no rosto falso e o jogou longe. Olhou-se novamente no espelho e com um grito doloroso, correu. Em disparada, enlouquecido - agora já sabemos, era um louco - arremessou-se em direção a uma janela. O baile parou por instantes, até ouvir o baque surdo do corpo batendo em algum lugar desconhecido. Um mascarado, o rosto uma expressão da mais verdadeira respeitabilidade, sacudiu a cabeça, dizendo:"lamentável". E a música recomeçou.
No espelho, ficara gravado o motivo do desespero suicida. Pois por debaixo da mascara, o infeliz descobriu que não havia nada.
As vezes, a ilusão é mais confortável que a verdade.