28 de abr. de 2007

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Vendo máquina de escrever enferrujada, gasta, carcomida, sem nenhum valor.

Exceto o de ter sido o lugar em que primeiro gastei meus dedos tentando dar um ar profissional ao meu pobre sonho de escritora. Sim, eu, como boa filha do século XX passei pela fase do manuscrito, enchendo cadernos com uma letra sofrível. E depois, alvissareira (palavra, como a minha máquina, carcomida e enferrujada), comprei a minha pobre Olivetti.

Prendi os dedos nas teclas, quebrei unhas tentando colocar maiúsculas, risquei esmaltes desembolando fitas. O futuro chegou e a larguei de lado, com a chegada do meu primeiro computador pessoal. Ah, a glória de cortar e colar, corrigir sem aquela pavorosa tinta branca, não mais ter que descartar páginas por meros erros...
E a internet, ligação com o mundo, livros ao meu dispor, pessoas para conhecer! Tudo em minhas mãos, ao apertar de umas poucas teclas. Resultados? Infelizmente, ser escritora é ainda apenas sonho.

Então, resolvi livrar-me do passado. É por isso que vendo máquina de escrever. Enferrujada, gasta, carcomida.

Assim como eu.